Paratleta cega se apaixona ouvindo voz de ativista no WhatsApp, e pula de paraquedas para se declarar

  • 12/06/2025
(Foto: Reprodução)
No Dia dos Namorados, conheça a história de Luana e Alexandre, casal de Araraquara (SP) e São Carlos que se conheceu em grupo de Pessoas com Deficiência. Paratleta cega pulou de paraquedas para declarar amor ao namorado de São Carlos A paratleta cega Luana Ribeiro Felis, de 43 anos, não tem receio de ser emocionada e não mede esforços para viver um grande amor. Logo no início do namoro ela pulou de paraquedas para se declarar ao namorado Alexandre Amaral, 40 anos, que também tem deficiência visual. 📲 Participe do canal do g1 São Carlos e Araraquara no WhatsApp Mas antes de o conhecer pessoalmente, ela já estava apaixonada pela voz que ouvia em um grupo no WhatsApp de Pessoas com Deficiência (PCD) de São Carlos. Alexandre é militante da causa, assim como ela. “Quando ele apareceu no grupo com aquela voz aveludada, me apaixonei ali. Ele é o amor da minha vida, sou apaixonada por ele.E saltei de paraquedas para chamar a atenção dele, me declarar e homenagear a vida dele”, contou. No Dia dos Namorados, comemorado nesta quinta-feira (12), o g1 traz a história do casal apaixonado que se divide entre Araraquara e São Carlos para namorar. História de amor O casal se conheceu em 2018 em um grupo de WhatsApp, após uma amiga da Luana a encorajar a se relacionar com pessoas com deficiência visual. Os dois estavam recém-separados e ainda inseguros sobre um novo relacionamento. Mas o namoro deles só engatou mesmo 5 anos depois, na data mais romântica do calendário, no dia 12 de junho de 2023. Alexandre e Luana se conheceram em um grupo de WhatsApp de Pessoas com Deficiência (PCD) de São Carlos Arquivo pessoal “Valeu a pena ter esperado por ele. O Alexandre me pediu em namoro bem no Dia dos Namorados e eu não esperava que ele fosse voltar pra minha vida. A gente teve um início de história e depois se afastou. Mas acho que a vida prepara tudo no seu momento, naquela época ele estava ficando cego, e passou por vários processos de saúde e tudo foi se encaixando com o tempo”, contou. Apesar de Alexandre ser mais reservado, a emoção também fala alto e ele já se declarou cantando a música “Apenas mais uma canção de amor”, de Lulu Santos, em um bar de São Carlos.“Foi uma surpresa que ele fez pra mim”, contou Luana. Declaração de amor nas alturas Alexandre é diabético e em 2016 perdeu completamente a visão devido à doença. Em 2019, ele fez um transplante de rim e de pâncreas, após 4 anos de hemodiálise. Nesta época, Luana prometeu que se ele saísse bem da cirurgia, ela faria uma “declaração” de amor. E realmente fez, só que nas alturas. "Achei uma coisa bem linda da parte dela. Mesmo ela já tendo essa vontade de fazer o salto , senti-me muito amado de certa forma por essa atitude", contou Alexandre. Paratleta Luana é cega e pulou de paraquedas para declarar amor ao namorado de São Carlos Arquivo pessoal Luana nasceu com retinose pigmentar, uma doença hereditária que afeta a retina e pode levar a perda total da visão. Aos 27 anos e também com glaucoma, ela parou de enxergar. Mãe de três filhos já adultos, hoje ela mora com um deles em Araraquara. Todo fim de semana, vai para a cidade vizinha se encontrar com o namorado, seja de ônibus ou de carro de aplicativo. Como Alexandre precisa sempre medir e controlar os níveis de glicemia, Luana prefere se deslocar entre os municípios. “Se relacionar com alguém cega é pé de igualdade, ela entende as minhas dificuldades, me compreende e tenho mais conforto ao seu lado”, disse Alexandre. LEIA TAMBÉM: DIA DOS NAMORADOS: Idosa do interior de SP aproveita baile da 3º idade para paquerar: 'É melhor namorar nessa idade' SURPRESA: Desenhista emociona família ao revelar gravidez da esposa com história em quadrinhos; VÍDEO Aceitação e acolhimento Luana conta que nunca havia se relacionado com alguém com deficiência visual e que demorou um tempo para se aceitar como uma pessoa cega. Mas foi através de uma indicação de uma terapeuta ocupacional, que ela entrou no grupo de zap e encontrou sentido, e claro, o seu amor. “Quando entrei no grupo fiquei observando como o pessoal interagia, porque até então tinha tido contato com pessoas cegas e tudo era novidade. Eu sempre ouvia a voz dele, e achava bonita. Fiquei muito curiosa de ter um relacionamento com uma pessoa cega e querendo ou não, temos um preconceito de ter relacionamento com cego, mas te garanto que é mil vezes melhor”, disse. Sensibilidade e afinidade O casal comentou que os outros sentidos, como o tato, o paladar e o olfato ficam mais aguçados com a perda da visão. Para eles, a sensibilidade e o carinho só melhoram na relação. “As pessoas ficam curiosa sobre a relação e não tem diferença nenhuma, mas a intimidade é muito mais intensa e acaba tendo mais significado porque sem a visão sentimos mais o outro. Temos mais sensibilidade e vivemos melhor os momentos juntos”, comentou Luana. Alexandre contou que como enxergou até a idade adulta, tem várias referências na memória e já perguntou para pessoas mais próximas como a namorada se parecia. Mas o principal meio de se conhecer é pelo tato. “Eu imagino o que tateio, percebo o cabelo longo, liso, se é magra etc. Elogio o cabelo, brinco com ela. Quando pergunto para alguém, eles respondem, “lembra aquela atriz daquela novela? Ou daquela conhecida, filha da fulana? E por aí vai”, contou ele. Antes de firmarem o namoro, o casal ficou alguns anos sem se encontrar. Quando Luana o reencontrou, percebeu pelo contato físico a mudança no amado. “Quando conheci ele era bem magrinho, e quando reencontrei ele era outra pessoa, o cabelo, a barba, ele tinha mudado, estava lindo", comentou a namorada. Experiência sonora Casal de cego de São Carlos já foi em dois shows de rock e planeja o terceiro festival Arquivo pessoal Os dois adoram ouvir e cantar música juntos. Alexandre é compositor, roqueiro, canta e toca violão. Luana é mais eclética, mas também tem afinidades com o rock´n´roll. Inclusive, os dois já foram em grandes shows de rock internacionais. O último foi o System of a Down, banda armênio norte-americana de nu metal progressivo, no dia 14 de maio, no Autódromo de Interlagos em São Paulo. Em 2023, eles também foram ver Roger Waters, lendário membro do Pink Floyd. E não para por aí, em breve encaram o festival “The Town”, que acontece em setembro no país. Com tecnologia assistida e utilizando aplicativos de audiodescrição como o “Be my eyes”, Alexandre fica responsável pela compra dos ingressos, hospedagem e planejamentos do rolê. “Apesar de ser mais caseiro, eu gosto de planejar as viagens para os shows, reservo hotel, e uso bastante o be my eyes, entre outros. Nos shows, curto muito a experiência e sinto como os artistas tocam ao vivo”, disse. A experiência do show foi um marco para eles por ser o primeiro espetáculo que foram sozinhos. “Viajamos pela primeira vez no show do Roger Waters, foi a primeira vez que ele foi com alguém cego como ele e de forma individual. Foi muito interessante porque tivemos muita confiança um no outro. Um protege o outro”, contou Luana. Planos Um dos planos do casal é fazer uma viagem internacional para conhecer a mansão de Elis Presley, a Graceland, em Memphis nos Estados Unidos. "Temos vários planos e queremos ainda fazer uma viagem internacional. Já fomos para a praia e foi muito bom, ele me acalmou quando fiquei com medo do mar e me abraçou. Ele não é só meu amor, é meu amigo, parceiro, psicólogo e quem me dá a mão quando preciso"", finalizou Luana. REVEJA VÍDEOS DA EPTV CENTRAL: Veja mais notícias da região no g1 São Carlos e Araraquara

FONTE: https://g1.globo.com/sp/sao-carlos-regiao/noticia/2025/06/12/paratleta-cega-se-apaixona-ouvindo-voz-de-ativista-no-whatsapp-e-pula-de-paraquedas-para-se-declarar.ghtml


#Compartilhe

Aplicativos


Locutor no Ar

Peça Sua Música

Anunciantes